Qual o caminho de compreensão desejado?

Fernanda Rodrigues
2 min readDec 7, 2020

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Quando falamos do processo que um objeto editorial passa até se tornar o resultado final desejado pelo seu criador, é essencial ressaltar que uma das principais questões levantadas é quem será o leitor. A partir disso, vamos construindo, aos poucos, cada detalhe direcionado a esse público-alvo.

E para termos um alinhamento entre o objetivo e o bom resultado, é importante lembrar de se atentar aos detalhes durante todo o processo. Isso faz com que, em nenhum momento, o caminho de compreensão do usuário vai ser alterado, ou seja, a forma na qual o leitor compreenderá aquele objeto estará sempre bem alinhada com a ideia inicial de quem o produziu.

Para exemplificar uma das análises que deve ser pensada, temos como modelo as cenas da enunciação, de Dominique Maingueneau. Nela temos:

1- Cena englobante: tipo de discurso
2- Cena genérica: regime de textualização
3- Cenografia: textualização

A cena englobante e a cena genérica, juntas, formam o quadro cênico. A partir dele podemos realizar uma análise mais detalhada.

Para compreender melhor esses conceitos na prática, vamos pensar na seguinte situação:

Um exemplo do artigo Cenas da enunciação em textos jornalísticos: o caso da “ditabranda” na Folha de S. Paulo de Jarbas Vargas Nascimento e Márcio Rogério de Oliveira Cano mostra um caso de uma notícia sobre política que traz uma denúncia. Neste caso, a cena genérica que seria a notícia é colocada em segundo plano, o jornalista assume um papel denunciador e, consequentemente, a rede de compreensão textual segue um caminho totalmente diferente daquele que seria comum à notícia.

Isso nos mostra a importância de termos em mente qual o caminho que queremos que o leitor de um texto siga, planejar qual a estratégia que utilizaremos para que isso seja possível e tentar aplicar todos os recursos para alcançar este objetivo.

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